terça-feira, 2 de novembro de 2010

As Mulheres na Idade Média

Um estudo da literatura medieval sobre a mulher revela-nos, desde logo, dois pólos entre os quais oscilam as opiniões: a misoginia e a idealização. Assim é que para muitos a mulher é a eterna encarnação da Eva tentadora e corruptora, Jacques de Vitry (século XIII) escreveu: "Entre Adão e Deus, no paraíso, não havia mais que uma mulher; ela porém não encontrou momento de descanso enquanto não conseguiu lançar seu marido para fora do jardim das delícias e condenar Cristo ao tormento da Cruz". A mulher seria a porta do diabo, a suprema tentadora, obstáculo sério no caminho da salvação. (...)
Em oposição à misoginia situa-se a corrente de exaltação e de idealização da mulher. Um velho manuscrito conservado na Universidade de Cambridge coloca a mulher acima dos homens e explica as razões da preferência: "A mulher deve ser preferida ao homem por várias razões: pelo material, porque Adão foi feito de barro e Eva de uma costela de Adão; pelo lugar, porque Adão foi feito fora do Paraíso e Eva dentro dele; pela concepção, porque uma mulher concebeu a Deus, coisa que um homem não podia fazer; pela aparição, porque Cristo apareceu a uma mulher, depois da Ressurreição, isto é, a Mdalena; pela exaltação, porque uma mulher é exaltada por sobre o coro dos anhos, isto é, a Bendita Maria".
É inegável que o culto da Virgem Maria, tão difundido no tempos medievais, contribuiu no sentido de elevar o conceito sobre o papel do sexo frágil.
Mário Curtis Giordani

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