segunda-feira, 12 de abril de 2010



Desde que nasci, moro num bairro sujeito a cheias sempre chove um pouco mais forte. Rua do Lavradio, Resende, Senado, Gomes Freire, Riachuelo, Inválidos, entre outras se transformam em riachos. Pessoas andam com água acima da cintura, carros ficam submersos.
Trabalho no CE Souza Aguiar, situado na Rua dos Inválidos, e por várias vezes já fiquei retida e, numa destas, tive inclusive que dormir no colégio, impossibilitada de atravessar a rua para retornar a casa.
Mas nunca senti tão de perto os transtornos causados pelas chuvas quanto na segunda-feira, dia 5 de abril de 2010. Saímos de casa, eu e um amigo que foi me fazer companhia, por volta de 17 horas para apanhar um documento. Era aniversário de minha mãe e queríamos voltar depressa para as comemorações do mesmo.
Quando o ônibus entrou no Boulevard 28 de setembro uma forte chuva desabou sobre a cidade. Apanhamos o dito documento, o que não levou mais de três minutos, e fomos para a Rua Teodoro da Silva para pegar condução, preocupados com a possibilidade de encontrarmos alagadas as ruas do bairro em que moramos.
Por mais de 30 minutos aguardamos que passasse um ônibus ou táxi. Táxis, quando passavam estavam ocupados, e ônibus nem sombra. Finalmente um 434 – Grajaú-Leblon nos apareceu como anjo salvador. Eram quase 19 horas.
Nosso olhar estava grudado no rio, cujas águas corriam e o volume ia subindo. No engarrafamento, só nos restava acompanhar, com cetro temor, o aumento do volume das águas do rio. O ônibus andava lentamente.
No cruzamento das ruas Teodoro da Silva e Felipe Camarão, mais uma retenção. Nossos olhares não se desgrudavam do rio e da corrida veloz de suas águas.
Finalmente, atravessamos o cruzamento e chegamos ao engarrafamento da Rua São Francisco Xavier.
O motorista do ônibus, não sei se por inexperiência, desconhecimento dos problemas que sempre ocorrem neste trecho da cidade ou se por não acreditar que estivesse tão crítica a situação, tentou se manter em seu trajeto normal, virou na Avenida Maracanã, apesar de não ter nenhum veículo na mesma.
Pouco a frente, víamos o Estádio do Maracanã a esquerda e em todas as outras direções só água. Já não se podia distinguir o que era rua o que era rio, pois as águas transbordaram e tudo ficou uma coisa só.
O motorista jogou o carro para a direita, quase caindo no rio, e não pode ir a diante, ficando parado ao lado dos muros do CEFET.
O desespero de quem estava no ônibus é indescritível. Não podíamos sair, porque a correnteza nos levaria sabe-se lá para onde e a água invadiu o ônibus e ia subindo cada vez mais. Todos nós já estávamos de pé sobre os assentos dos bancos.
Um bote do corpo de bombeiros que circulava pela área aproximou-se de nós e se colocou entre o ônibus e o muro do Colégio. Os alunos do CEFET arrumaram escadas e trabalharam intensamente, em conjunto com os dois bombeiros, no resgate dos ocupantes do ônibus.
Com gentileza e agilidade, demonstrando uma capacidade de organização para trabalhar em equipe respeitável, foram, por certo, colaboradores inestimáveis dos dois bombeiros que, sem esse auxílio, teriam tido mais dificuldade em nos socorrer.
Passado o susto, o emocional e o físico estão em frangalhos. Ao ver as imagens feitas por um internauta e enviadas ao G-1 foi que pude avaliar o real perigo que passamos e que as coisas foram muito piores do que pensei.
Com toda a certeza a mão de Deus e de nossos guias e mentores espirituais estiveram presentes, mas elas tiveram colaboradores preciosos.
Que Deus cubra de muitas bênçãos estes meninos, que deram uma lição fantástica de solidariedade e respeito humano, e estes bombeiros, profissionais que colocam em risco as próprias vidas para salva outras.
Lembrei de um ponto que cantamos na Tenda e que se enquadra muito bem nesta situação:

“Graças a Deus, meu Deus
Pelo dia de hoje louvado seja Deus.
Seus bombeiros muito obrigado
Seus bombeiros muito obrigado
Que Deus lhe dê saúde e felicidade.
Graças a Deus, meu Deus

Graças a Deus, meu Deus
Pelo dia de hoje louvado seja Deus.
Aos alunos da CEFET muito obrigado
Aos alunos da CEFET muito obrigado
Que Deus lhe dê saúde e felicidade
Graças a Deus, meu Deus

Que Deus cubra a todos com muita saúde e felicidade...



 

Um comentário:

fabricando arte disse...

Obrigado pela visita e tambem pelas explicações. Nós ouvimos tanto falar desse jeito sobre São Jorge que até mesmo os cariocas(sou paulista) realmente se esquecem que ele não é o padroeiro, mas de qualquer maneira acho que é um dos santos mais devotados ai no Rio e por mim tambem. Viva São Jorge.
Beijos e uma semana linda.