quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O direito de viver


Há alguns anos atrás, quando ainda existia nos currículos de ensino fundamental e médio, uma disciplina chamada Educação Moral e Cívica e uma outra chamada Orgnização Social e Política brasileira, eu costuma passar para meus alunos que a Rede Globo emprestava a instituições que se cadastravam em sua cinemateca (não sei se este serviço ainda existe, mas na época todas as escolas em que trabalhava eram cadastradas). Muitos dos filmes que nos eram emprestados eram documentários do Globo Repórter. Um deles - O direito de viver de 12/12/1973 - veio acompanhado de um texto de Washington Novaes (se não me engano, o texto era a narraçao do documentário). Dele retirei alguns trechos para trabalhar com os alunos após a exibição do mesmo. Hoje arrumando pastas esquecidas em prateleiras pouco visitadas encontrei-o.
"No Brasil, a desnutrição, a falta de higiene, não são exclusivos do nordeste ou das regiões de pobreza absoluta. Eles podem ser encontrados até na periferia das grandes cidades. Como aqui no Hospital Menino Jesus de Guarulhos que atende a quase toda a zona leste da grande São Paulo. 60% das crianças que chegam todos os dias ao Hospital sofrem de desnutrição. e 15 em 100 ficam internadas, tal a gravidade de seu estado".
Não sei se este quadro mudou. Mas hoje muitas crianças são vítimas da violência física, da pedofilia... Talvez tenha diminuído o número de crianças que são vítimas da fome, mas aumentou o número de criañças vítimas do tráfico de drogas, da violência, doméstica ou não, das crianças vítimas de balas perdidas...
O mesmo texto diz que "O ser humano não é não pode ser o problma. Ele tem de ser a solução. E para isso, é preciso que cada um assuma a sua responsabilidade: a de promover as reformas necessáiras. É um dever inadiável: o de ampliar os serviços de Assistência à Criança, np Âmbito Federal, no EStadual ou no Município. Mas as empresas também têm sua parte a cumprir. Caba a elas apoiar - inclusive financeiramente - as iniciativas do governo ou de particulares que dêem assistência à criança. Com a adoção, com a bolsa de estudo, com o donativo, com o trabalho em obras assistenciais. Com o que for possível, todo o gesto vale, toda a iniciativa é importante".
Pois é. O texto é de 1973. Passaram-se 35 anos da data em que foi escrito e os nossos dias. Em 1973 não existiam tantas crianças dormindo nas calçadas, em condições sub humanas. Hoje existe uma quantidade imensa de entidades que criadas, ao menos no discurso, para cuidar dos menores, quantias imensas, vindas até de outros países, com esta finalidade, e o problema que o ser humano não poderia ser a cada dia se agrava, cada vez mais aumenta o número de crianças que vivem como animais. De que adianta um Estatuto que fica apenas no papel e serviu apenas para que os que não vivem nas ruas descobrissem que têm direitos mesmo quando não cumprem seus deveres?...

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